Filosofia moderna é aquela que se desenvolveu durante os séculos XV, XVI, XVII e XVIII,
tendo seu início no Renascimento e se estendendo até Emanuel Kant. Esta
filosofia possui algumas características que são consequências da perda de
contato com as grandes sínteses surgidas no século XIII.
Os
primeiros pontos de luz nas trevas do pensar livre, provocados pela rendição da
razão à soberania da fé durante a chamada idade média, são percebidos nas obras
de pensadores como Copérnico [1] que, em sua defesa e interpretação da teoria
heliocêntrica provocou uma verdadeira revolução. O deslocamento da terra, obra
prima do Deus criador, do centro do universo significou que o homem, tido como
o supremo ato da criação, deixou também de ocupar seu lugar de criatura sujeito
aos caprichos desse Deus. Da mesma forma que Sócrates, Platão e Aristóteles
antes deles os filósofos da modernidade chamaram para o âmbito da inteligência
e capacidade humana a tarefa de pensar o mundo!
Os historiadores afirmam que o
renascimento nos séculos XIV e XV marcado pela redescoberta da arte e
literatura grega, o humanismo com sua ênfase no temporal e o consequente
colocação do homem no centro da realidade, o repensar da política e estilo de
governo marcado pelas obras do Maquiavel l[2], o estudo científico e a
Filosofia Moderna com sua ênfase do poder racional do homem, sinalizaram um
retorno às raízes do pensamento racional e a morte do poder de controle do
astrólogo, do mago e da igreja sobre o conhecimento. A sabedoria (o conhecimento) não é mais visto como
algo sagrada e mística além da compreensão do homem comum; através do pensar,
do raciocinar o homem é capaz de traçar seu próprio destino e caminhar rumo ao conhecimento.
No presente texto serão apresentadas características dessa época da jornada
humana, será que é de fato uma viagem das trevas à luz ou pode ser considerado
o curso natural das coisas à luz do crescer do conhecimento humano?
Características gerais da filosofia moderna.
A filosofia da idade moderna
nasceu graças aos trabalhos dos protagonistas do renascimento cultural e
científico dos séculos XIV e XV entre eles Nicolau Copérnico, Leonardo da
Vinci[3], e dos esforços de cientistas e pensadores como Galileu Galilei [4],
Francis Bacon[5], René Descartes[6] e Emanuel Kant[7] nos séculos seguintes e
tem entre suas características:-
a) O Racionalismo
A filosofia moderna
propriamente falando iniciou-se com a teoria do conhecimento do René Descartes.
Conhecido como pai da filosofia moderna, parece que ele levou muito a sério as
palavras do Leonardo Da Vinci que diz "Quem pouca pensa, muito
erra."! [8] Na Idade Média,
na sociedade e na política a Palavra de Deus, considerada fonte única do
conhecimento absoluto, foi interpretada pela igreja que dominava todos os
aspectos da vida. O renascimento trouxe uma ênfase renovada no desenvolvimento
científico e na capacidade humana e a necessidade de uma nova definição do ser
humano e seu lugar no mundo. Na modernidade a chamada Idade da Razão então,
surgiu à necessidade de redefinir os paradigmas, Descartes na declaração,
"penso logo existo", descrito pelo Prof. Wesley Dourado na palestra
"Aspectos Gerais da Filosofia Moderna" [9] sobre as como um
"ponto arquemédico [...] a verdade inicial da qual se poderá constituir
outras verdades" iniciou esse processo. Ele declara que o homem, ser
racional por natureza, tem a capacidade de alcançar o conhecimento e mais que
isso, sua existência é definida pelo ato de pensar.
Por entender ser possível
chegar ao pleno conhecimento através do processo de pensamento racional,
Descartes, idealizou um processo de dúvida metódica pelo qual através da
rejeição (eliminação) de pensamentos ou ideias em que resida a menor dúvida o
homem seria capaz de alcançar o conhecimento. As obras do Descartes formaram a
base sobre quais os racionalistas desenvolveram seus processos.
b) O Empirismo
Quando Leonardo Da Vinci afirma
que "A sabedoria é filha da experiência" (ABBAGNANO, §388) ele de
fato resume em poucas palavras a crença dos empiristas ingleses cujo trabalho
antecedeu por quase um século. Francis Bacon, John Locke[10], David Hume[11] e
outros pensadores contra posição aos racionalistas do continente europeu
desenvolveram e propagavam o raciocínio experimental, ou seja, a teoria de que
o único caminho pelo qual o homem pode chegar ao conhecimento é através da experiência
sensível (empírica). Marlene Chauí explica que Francis Bacon "propõe a
instauração de um método, definido como modo seguro de 'aplicar a razão à
experiência', isto é, de aplicar o pensamento lógico aos dados oferecidos pelo
conhecimento sensível". (2006 p.126)
Marlene Chauí afirma que para
os empiristas o contato com o mundo externo através de um conjunto de sensações
(através dos sentidos) leva a um processo de dedução que possibilita o
conhecimento, "O conhecimento é obtido por soma e associação das sensações
na percepção e tal soma e associações dependem da frequência, da repetição e da
sucessão dos estímulos externos e de nossos hábitos". (2006 p.133)
Um fator marcante da modernidade é a separação entre a Filosofia e a Ciência
empírica. A ciência moderna, dependente nas experiências desenvolvidas em
situações controladas, é empírica por natureza, contrastando-se com o
pensamento do Aristóteles que percebia a Metafísica como ciência primeira.
c) A perfectibilidade “iluminismo”
Os precursores da filosofia moderna
entre eles Leonardo da Vinci, Copérnico e Galileu acreditaram na
perfectibilidade da natureza e defenderam a teoria da perfectibilidade da razão
humana. Iniciou-se uma "busca por expressar, entender, explicar pela razão
perfeita a natureza perfeita" [12]
A ciência renascentista entendeu que pelo fato que Deus criou a natureza é
possível conhecer Deus através da natureza e, portanto, produzir conhecimento.
Em sua epistemologia Immanuel
Kant sintetizou as teorias do Descartes e os racionalistas continentais e Hume
e os empiristas ingleses.
O processo de racionalização,
característico da Modernidade, que começara com os renascentistas e com os
cientistas, e passara por Descartes e pelos empiristas, podia agora, ser
compreendido por Kant como um processo que representava o curso natural da
evolução da sociedade. Finalmente o ser o humano estava apto para raciocinar
sobre a própria razão. (UMESP 2009 p.11)
Leonardo da Vinci via nas
formas perfeitas da matemática uma maneira de ilustrar a perfeição do corpo
humano (o homem vitruviano) e assim tomou o curso da teoria da
perfectibilidade. Kant, por sua vez, via na possibilidade do homem chegar à
perfeição um processo natural de desenvolvimento rumo ao esclarecimento
(Aufklãrung), um processo evolução pela qual o homem atinge sua maioridade,
processo que depende não de condições externas, mas, na vontade do homem, só
não tem condições de alcançar essa independência os preguiçosos que escolhem
permanecer na minoridade sob a tutela intelectual de terceiros.
Embora enfatizando e dando
destaque alto à razão e a perfectibilidade humana, Kant e outros filósofos
modernos não fizeram nenhuma ruptura dramática dos valores religiosos da idade
média. Essa ruptura veio com os Iluministas franceses como Voltaire e Diderot que
produziram obras laicas e seculares e, por vezes extremamente críticas da ação
de igreja e sua influência opressiva na sociedade e interferência no governo.
Características
gerais do iluminismo
Danilo Marcondes em sua
Introdução à História da Filosofia oferece a seguinte síntese do Iluminismo [13],
ou Século das Luzes um movimento do pensamento europeu (mais forte na França)
concentrado principalmente nos últimas cinco décadas do século XVIII - "O
Iluminismo valorizou o conhecimento como instrumento de libertação e progresso
da humanidade, levando o homem à sua autonomia e a sociedade à democracia, ou
seja, ao fim da opressão." (2007. p.210). Tomando de base suas palavras, o
iluminismo como movimento dentro da modernidade, mantendo a ênfase na racionalidade,
tem características próprias tais como:
O pensamento iluminista
influenciou os grupos responsáveis por movimentos de libertação no século
XVIII, seu efeito foi sentido de maneira muito particular na França e foi um
dos fatores catalisadores da Revolução Francesa. A burguesia, educado e gerador
de riqueza se via presa sobre o jugo da aristocracia, da monarquia absolutista
e da igreja dominantes desde a Idade Média, obrigada a pagar impostos para
manter o luxo de poucos ansiava por uma sociedade livre. Achou aliados prontos
lutar entre as massas paupérrimas de Paris se levantou em revolta contra a
opressão pelo direito de ter liberdade de escolha sobre o curso da própria vida
e uma voz no governo do país que ajudou a enriquecer. Voltaire [14] que
criticou o absolutismo da monarquia, o poder da igreja e sua interferência no
sistema político e influenciou muito o movimento da revolução acreditava que
sem liberdade de pensamentos não existe liberdade.
Disponível
em:<http://www.webartigos.com/artigos/039-039-filosofia-moderna-039-039/26628/
>Acesso em:04 mai. 2012.
Olá Marta,
ResponderExcluirEstou gostando de ver seu blog, está muito interessante.
Para os racionalistas, como Descartes, o conhecimento verdadeiro é puramente intelectual, pois para ele a experiência sensível precisa ser separada do conhecimento verdadeiro. A fonte do conhecimento é a razão.
Com certeza um dos primeiros filósofos a iniciar esta filosofia foi René Descartes, mas em seguida outros filósofos surgiram ao mesmo pensamento filosófico. com característica próprias e seus seguidores.
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